1600 litros de Moscatel de Setúbal Torna Viagem da José Maria da Fonseca regressaram antecipadamente a Portugal, em Maio, depois de terem partido a bordo do Navio Escola Sagres, numa viagem à Volta do Mundo. Devido à pandemia do covid-19, esta viagem teve de ser cancelada mas depois de provado, o Moscatel de Setúbal “ficou mais escuro, mais evoluído no aroma e paladar”.
A bordo do Navio Escola Sagres seguiam dois cascos de 600 litros e um de 400 litros de Moscatel de Setúbal José Maria da Fonseca: um casco com Moscatel de Setúbal 1956, outro com Moscatel Roxo de Setúbal 1985 e outro com Moscatel de Setúbal 2000, este último que já tinha feito uma viagem a bordo da Sagres em 2007, sendo assim um “duplo” Torna Viagem.
Depois do regresso dos cascos de Moscatel de Setúbal à José Maria da Fonseca, em Azeitão, o vice-presidente e enólogo Domingos Soares Franco decidiu abrir os cascos para ver a evolução do vinho: “Como era de esperar, o vinho Torna Viagem teve uma alteração igual a edições anteriores uma vez que cruzou duas vezes o Equador. Inicialmente iria atravessar seis vezes a linha Equador nesta viagem à volta do mundo, mas devido à pandemia a viagem foi interrompida, já o navio Escola Sagres estava no Pacífico. Já de regresso a Azeitão, e depois de provado, constatámos que o vinho ficou mais escuro, mais evoluído no aroma e paladar”.
Este Moscatel de Setúbal Torna Viagem fez uma viagem de cerca de 4 meses, em vez dos 12 previstos inicialmente. Zarpou de Portugal a 5 de janeiro de 2020 e regressou a Lisboa no dia 10 de maio. Havendo disponibilidade por parte da Marinha Portuguesa, a José Maria da Fonseca gostaria de voltar a enviar estes barris numa segunda viagem.
As experiências Torna Viagem permanecem depois por longos anos nas caves da José Maria da Fonseca até chegarem ao mercado. A exclusividade e raridade destes vinhos generosos coloca-os num patamar aspiracional, uma obra prima da natureza e do homem.
TORNA VIAGEM: UMA EXPERIÊNCIA CENTENÁRIA DA JOSÉ MARIA DA FONSECA
A história do Moscatel Torna Viagem remonta ao século XIX e é património histórico exclusivo da José Maria da Fonseca. Na época em que navios cruzavam os mares do Mundo fazendo todo o tipo de comércio, era comum levarem à consignação cascos de Moscatel de Setúbal. Os comandantes, que recebiam uma comissão pelo que vendiam, nem sempre os conseguiam comercializar na totalidade. Na volta a Portugal, depois do périplo, em que se submetiam a diversos climas e significativas variações de temperatura, os cascos eram devolvidos à Casa Mãe. Ao serem abertos, o resultado era quase sempre uma grata surpresa: geralmente o vinho estava bastante melhor do que antes de embarcar. A passagem pelos trópicos, a caminho do Brasil, África ou Índia, quando atravessava por uma ou mais vezes a linha do Equador, melhorava a qualidade do Moscatel de Setúbal e conferia-lhe grande complexidade. Em 2000 a José Maria da Fonseca retoma com regularidade as viagens com cascos de Moscatel de Setúbal. Em parceria com a Marinha Portuguesa, em específico com o Navio Escola Sagres, a José Maria da Fonseca inicia a ‘Época Moderna dos Torna Viagem’ tendo já realizado oito edições – 2020, 2018, 2017, 2016, 2015, 2010, 2007 e 2000.
Viagem do Navio Escola Sagres: A presença do navio-escola da Marinha Portuguesa junto da comunidade portuguesa espalhada pelo mundo. Recorde-se que o NRP Sagres participará nas Comemorações da Descoberta do Estreito de Magalhães, em Punta Arenas, marcará presença em Tóquio como “Casa de Portugal” durante o período inicial dos Jogos Olímpicos de 2020, fará uma navegação conjunta com o navio ESPS Juan Sebastian Elcano e marcará presença em cidades da Rede Mundial de Cidades Magalhânicas e em cidades da Diáspora Portuguesa. O NRP Sagres é um grande veleiro com 90 metros de comprimento, três mastros e armação em barca, construído nos estaleiros navais Blohm & Voss, na Alemanha, em 1937. Celebrou 80 anos em 2017, 55 dos quais com a bandeira de Portugal. A par da instrução dos cadetes da Escola Naval, o NRP Sagres leva um pouco de Portugal aos portugueses da diáspora, contribuindo para o estreitar dos laços entre as comunidades e as suas origens. Além dos milhares de visitantes que recebe a bordo, nos portos de escala, o NRP Sagres cumpre um vasto programa de divulgação e de representação, albergando igualmente diversos eventos promovidos pelos parceiros da Marinha que se associam às viagens do símbolo de Portugal. O navio-escola Sagres é comandado pelo Capitão-de-fragata António Manuel Maurício Camilo.